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de Umuarama e Região.
Postado em 16/fev/2021
Uma equipe de cientistas da Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSK), em Nova York, pode ter descoberto a causa por trás de sintomas neurológicos incomuns detectados em pacientes com coronavírus. Conhecida como “cérebro de Covid“, a condição causa fadiga, perda de memória, confusão e outras anormalidades. As descobertas foram publicadas na revista especializada Cancer Cell.
Para investigar a causa dos sintomas, especialistas em neurologia, cuidados intensivos, microbiologia e neurorradiologia criaram uma força-tarefa. A equipe examinou o líquido cefalorraquidiano de 18 pacientes com câncer que apresentavam disfunções neurológicas (também conhecida como encefalopatias) após terem sido infectados com o coronavírus.
A primeira hipótese era de que a “névoa cerebral” fosse causada pela infecção viral, porém a análise microbiológica do líquido coletado em punções lombares não revelou nenhum sinal do coronavírus, sugerindo que os pacientes haviam se recuperado da Covid-19.
Jan Remsik, pesquisador MSK e co-autor do estudo, explica que os cientistas descobriram que esses pacientes apresentavam inflamação persistente e altos níveis de citocinas no líquido cefalorraquidiano, o que explicaria os sintomas.
As citocinas são proteínas que ativam o sistema imunológico. Quando o corpo passa a produzi-las descontroladamente, ocorre o fenômeno conhecido como tempestade de citocinas. O processo pode causar inflamação excessiva e é potencialmente mortal.
Os altos níveis de citocinas inflamatórias também ocorrem como efeito colateral da terapia de células T, um tratamento de imunoterapia administrado para casos de câncer. Assim como em pacientes com Covid-19, pessoas que recebem este tratamento para câncer também apresentam confusão, delírio e outros efeitos neurológicos.
De acordo com o estudo, medicamentos anti-inflamatórios podem ser úteis para mitigar o “cérebro de Covid”. “Costumávamos pensar que o sistema nervoso era um órgão com privilégios imunológicos, o que significa que não tinha nenhum tipo de relação com o sistema imunológico”, explicou a neuro-oncologista Adrienne Boire, da MSK, ao site ScienceAlert. “Mas, quanto mais olhamos, mais encontramos conexões entre os dois”, completou.
Fonte: Metrópoles