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TPM: identificar os sinais é sinônimo de autocuidado feminino

Postado em 24/fev/2021

A tensão pré-menstrual (TPM), que literalmente tira o sono e compromete a rotina de muitas mulheres no período que antecede o ciclo menstrual, é um fenômeno reconhecido pela Organização Mundial da Saúde em 2000.  A TPM é um distúrbio que continua mal compreendido, existindo várias hipóteses que tentam explicar porque ela acontece. Vários estudos sugerem que as mudanças cíclicas nos níveis dos hormônios femininos (de estrogênio e progesterona), associadas a um desequilíbrio entre alguns neurotransmissores, principalmente do sistema ligado à serotonina, que transmite a sensação de bem-estar, podem desencadear os sintomas. Ainda não está claro porque a resposta anormal a esta flutuação hormonal fisiológica causa sintomas que incomodam tanto em mulheres acometidas.

Alguns fatores associados podem fazer com que um determinado grupo sinta mais o reflexo da tensão pré-menstrual: mulheres brancas, fumantes, com quadros de depressão ou ansiedade, ou que sofram de alguma síndrome metabólica, por exemplo, estão mais suscetíveis ao impacto da TPM. Afinal, quais são os sinais emocionais e outras situações práticas que fazem da tensão pré-menstrual a responsável por uma série de sensações e dificuldades enfrentadas por boa parte do universo feminino no dia a dia?

“Um dia você ama, outro você odeia. Humor depressivo, ansiedade extrema, irritabilidade sem razão, insônia ou sonolência excessiva, distúrbios alimentares e diminuição de vontade de fazer o que gosta. Em complemento a esses sintomas, a queda de produtividade, comprometimento na vida social e altos e baixos nas relações interpessoais também são situações que requerem acompanhamento médico”, explica Adriana Orcesi Pedro, professora Livre Docente em Ginecologia pela UNICAMP e Médica Ginecologista do CAISM – UNICAMP.

Adotar o calendário menstrual por pelo menos dois ou três ciclos consecutivos é importante no processo de identificação dos sintomas causados pela TPM. Com esse registro, é possível saber também a época exata em que os sintomas surgem e se eles se repetem na mesma fase.

TPM e Depressão

Outro ponto importante é entender as diferenças entre o período da tensão pré-menstrual com um quadro de depressão. “É preciso separar a tristeza da TPM da tristeza da depressão. Na TPM, são dias de duração, na depressão são semanas ou até meses. Um é cíclico, o outro não. Os sintomas de depressão ligados à TPM geralmente envolvem irritabilidade e mudanças súbitas de humor. A mulher com depressão tem baixo astral sempre e na TPM não. A mudança de humor é súbita e cíclica, restritas a 10, 15 dias antes da menstruação. Tanto que assim que a mulher menstrua, isso passa”, esclarece Adriana.

Quando procurar auxílio médico?

Algumas dicas práticas podem aliviar a TPM e auxiliar a mulher a lidar melhor com o período sem sentir tanto os efeitos prejudiciais relacionados aos sintomas. Cuidar da alimentação é um aliado importante. É preciso prestar atenção e reduzir o consumo de bebidas muito estimulantes, como café e refrigerante, além de dosar o açúcar e carboidrato ingeridos que, em excesso, podem gerar mais irritabilidade. Pelo fato de aumentar as endorfinas e os neurotransmissores que dão a sensação de bem-estar, a atividade física também está na lista de tarefas que devem ser adotadas para aliviar a tensão pré-menstrual. Dormir pelo menos oito horas por dia também faz diferença durante o período que antecede o ciclo menstrual.

Entretanto, mesmo com todas as ações que podem ser adotadas para minimizar a TPM, existem os casos mais graves, que afetam até 8% das mulheres, classificados como Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), diferente do tipo convencional pelos critérios de diagnóstico. “Este tipo de síndrome é constatado a partir da presença de pelo menos um dos quatro grupos de sintomas psicológicos da TPM, entre labilidade afetiva acentuada; irritabilidade ou raiva acentuadas ou aumento nos conflitos interpessoais; humor acentuadamente deprimido; ansiedade acentuada. Além desses, um ou mais dos sintomas devem estar presentes para se atingir um total de cinco sintomas como explosão de raiva, insônia, desinteresse pelas coisas, alteração alimentar”, explica professora e ginecologista, Adriana Orcesi Pedro.

A partir do diagnóstico da TDPM, o tratamento pode ter duas vias, ambas acompanhadas sempre por um profissional de saúde: suprimir a ovulação por meio de medicações hormonais ou por meio de um antidepressivo moderno que atue em neurotransmissores, hipótese diagnóstica que explica a TPM.

“Dentre as medicações hormonais, a pílula, principalmente de estrogênio, associada a um progestogênio como a drospirenona, melhora os sintomas físicos e emocionais e pode impactar positivamente na produtividade, nas relações interpessoais e nas atividades sociais da mulher”, finaliza Adriana Orcesi Pedro, professora Livre Docente em Ginecologia pela UNICAMP e Médica Ginecologista do CAISM – UNICAMP.

Pacientes que optam pelo tratamento hormonal da TPM devem receber informações e aconselhamento sobre a possibilidade, a necessidade e até mesmo a indicação do regime estendido ou contínuo da administração da pílula, visando o controle do ciclo menstrual e dos sintomas associados à menstruação. É importante que as mulheres tenham informações sobre as possibilidades de tratamento para que possam fazer sua escolha, de acordo com sua necessidade e conveniência, adequando-as ao seu estilo de vida da melhor forma possível.

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